sexta-feira, 27 de junho de 2014

VAMOS  REFLETIR!!!!



"Por que olhar por partes, sem antes compreender o todo? Porque enxergar a deficiência, antes mesmo de saber mais sobre aqueles que não andam, não enxergam ou não ouvem? Porque apontar o que o outro não pode fazer, antes de perguntar o que ele tem a oferecer?"

É da natureza humana julgar antes de conhecer, apontar sem saber de certo o que está vendo, imprimir no pensamento o modelo de alguém como perfeito sem compreender que a perfeição não tem uma forma.
De acordo com Calvino no texto “ Modelo dos modelos”, o senhor Palomar, personagem do texto, tinha inicialmente modelos definidos com certa rigidez em sua mente e com o passar do tempo tornou-se mais flexível para tais ideias.

PARA ENTENDERMOS MELHOR, EIS UM TRECHO DO TEXTO:



“Houve na vida do senhor Palomar uma época em que sua regra era esta: primeiro, construir um modelo na mente, o mais perfeito, lógico, geométrico possível; segundo, verificar se tal modelo se adapta aos casos práticos observáveis na experiência; terceiro, proceder às correções necessárias para que modelo e realidade coincidam. [..] Mas se por um instante ele deixava de fixar a harmoniosa figura geométrica desenhada no céu dos modelos ideais, saltava a seus olhos uma paisagem humana em que a monstruosidade e os desastres não eram de todo desaparecidos e as linhas do desenho surgiam deformadas e retorcidas. [...] A regra do senhor Palomar foi aos poucos se modificando: agora já desejava uma grande variedade de modelos, se possível transformáveis uns nos outros segundo um procedimento combinatório, para encontrar aquele que se adaptasse melhor a uma realidade que por sua vez fosse feita de tantas realidades distintas, no tempo e no espaço. [...]”

Tomando de empréstimo um pensamento tão inflexível e que posteriormente aos poucos ganha a forma da flexibilidade, podemos adentrar aqui no campo da educação inclusiva.  Que tantos PRÉ-CONCEITOS há tempos atrás sustentavam a forma de olhar para um ser fora dos padrões da dita normalidade, o julgamento pelo seu nascimento com a penalidade perpétua de ter que viver trancado em quartos dos fundos de uma casa. Ou até mesmo ser julgado como um ser demoníaco que deveria ser até queimado numa fogueira. Pessoas essas que hoje podem frequentar uma escola e são capazes de ter amigos, de trabalhar e de ter uma vida mais independente.  Esses fatos fazem parte da história da humanidade e que ainda tem muito o que avançar principalmente no pensamento de tantos Palomar por aí a fora.
O professor do Atendimento Educacional Especializado- AEE, por exemplo, batalha todos os dias para que o Palomar que apareça em sua frente possa modificar sua forma de pensar assim como esse do texto. Podendo ser ele o professor, o diretor e quem sabe a própria família da criança.
Hoje nos deparamos felizmente com leis que apoiam a presença da pessoa com deficiência na escola e como um ser atuante e capaz. E acima de tudo que regulamentam o Atendimento Educacional Especializado.
De acordo com a NOTA TÉCNICA Nº 055 / 2013 / MEC / SECADI / DPEE: “ A deficiência é um conceito em evolução, que resulta da interação entre as pessoas com limitação física, intelectual ou sensorial e as barreiras ambientais e atitudinais que impedem a sua plena e efetiva participação na sociedade.” Assim como a deficiência, os conceitos e o modo de ver das pessoas são passíveis de mudanças e evoluções. O AEE é um “instrumento” da inclusão que possibilita ao aluno com deficiência ser visto e percebido no ambiente escolar.
Na perspectiva  da educação inclusiva, o atendimento educacional especializado é:
- Realizado, prioritariamente nas salas de recursos multifuncionais da própria escola ou de outra escola de ensino regular, podendo, ainda, ser realizado em centros de atendimento educacional especializado;
- Ofertado de forma complementar ou suplementar, não substitutiva à escolarização dos estudantes público alvo da educação especial, no turno inverso ao da escolarização; 
- Responsável pela organização e disponibilização de recursos e serviços pedagógicos e de acessibilidade para atendimento às necessidades educacionais específicas;
- Realizado em interface com os professores do ensino regular, promovendo os apoios necessários à participação e aprendizagem destes estudantes. 


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Nota técnica 55/2013 MEC/SECADI/DPEE: Orientação à atuação dos Centros de AEE, na perspectiva da Educação Inclusiva


terça-feira, 3 de junho de 2014

CALENDÁRIOS E AGENDA DE ATIVIDADES

Recursos de baixa tecnologia a favor do desenvolvimento de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista.

O Transtorno Global do Desenvolvimento passou a chamar-se de Transtorno do Espectro Autista a partir da DMS-5, inserido na categoria de Transtorno de Neurodensenvolvimento.
O Transtorno do Espectro Autista é uma desordem neurológica ou mesmo um distúrbio do desenvolvimento neurológico ainda com difícil diagnóstico.
Segundo Bez (2014, p.1 ): “Esse transtorno tem dois domínios: sociais/ comunicação déficits e interesses fixados e comportamentos repetitivos.”
De acordo com a DSM-5 existem critérios para classificar o Transtorno do Espectro Autista, dentre eles: os Déficits Persistentes na Comunicação Social e na Interação Social. Como sabemos, o desenvolvimento humano acontece por meio da comunicação e esta ocorre com a interação entre as pessoas, mas no caso do transtorno do espectro autista, devido a um déficit na comunicação ocorrem falhas na sua interação com os demais.
Como bem explica  Vygotsky ( apud BEZ e PASSERINO, 2009, p. 2):

No desenvolvimento humano, a linguagem tem um papel de essencial, pois, se constitui um elemento crítico tanto para a aquisição de sistemas simbólicos, como a escrita, leitura e a matemática, quanto para desenvolver habilidades de relacionamento interpessoal e o pensamento.

De acordo com o pensamento de Passerino (apud BEZ 2014, p. ): “ as atividades humanas são interações organizadas entre pessoas e objetos... Nessa perspectiva, as tecnologias são signos que auxiliam na estruturação e na organização da ação humana.”
Dyrbjerg e Vedel (2007) destacam que:

Apoios visuais são meios altamente eficazes para aprimorar a comunicação e a independência de pessoas com autismo, pois estes indivíduos freqüentemente têm dificuldades básicas de compreender adequadamente a língua falada e sinais sociais como postura corporal, gestos e contato visual.

O educador deve ter em mente que um ambiente bem sinalizado estará favorecendo além da comunicação, o conhecimento sobre a rotina do dia e o incentivo a aquisição da leitura. Para que seja possível o desenvolvimento da comunicação e interação, nesses casos é necessário o apoio de uma Comunicação Aumentativa Alternativa- CAA. Existem recursos de alta e de baixa tecnologia que podem auxiliar nessas horas o professor na sala de aula, mas como muitas vezes o custo de recursos de alta tecnologia pode ser elevado, tem-se como alternativa recursos de baixa tecnologia que podem ser confeccionados pelo próprio professor e que serão úteis na ampliação das formas de comunicação e consequentemente no processo de desenvolvimento do seu aluno.
E uma boa dica de CCA é o uso de calendários e de agendas de atividades.
Existem vários tipos de calendários:

* Calendário de antecipação – permite à criança antecipar os eventos ou as atividades que vão acontecer a seguir.
 * Calendário diário – permite à criança conhecer as atividades que vai desenvolver ao longo do dia.

* Calendário semanal – permite à criança conhecer as atividades que vai desenvolver ao longo da semana.

* Calendário mensal – permite à criança conhecer as atividades que vai desenvolver ao longo do mês.

* Agenda – permite à criança conhecer as atividades que vai desenvolver ao longo de um conjunto de meses, período ou semestre.
(FONTE:http://diariomaedeumautista.blogspot.com.br/)

Fonte: http://www.assistiva.com.br/
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Público Alvo: Alunos em todas as idades e estágios de desenvolvimento, para adolescentes e adultos, o apoio oferecido pelos sistemas visuais tem um grande e forte impacto.

Local de utilização: sala de AEE e sala de aula regular, biblioteca, laboratório etc.

Descrição da atividade:
·         O calendário será confeccionado em feltro, onde terá símbolos de comunicação representativos do mês, do dia da semana, da estação do ano, sensação térmica no dia, que são fixados com velcro e serão atualizados todos os dias fazendo a exploração das características do clima e do tempo local e de todos as partes que compõe o calendário acima citado, dando ênfase é claro aos símbolos de comunicação.
·         Agenda de atividades: Uma agenda em formato vertical mostrando uma sequência de símbolos para as atividades que serão realizadas naquele dia representando as atividades que serão desenvolvidas pela turma em sua programação, podendo ser listadas  cerca de cinco atividades representadas por símbolos como: acolhida, rodinha de leitura, lanche, atividade escrita e atividade no pátio. É importante e necessário que seja sempre enfatizada a atividade que será feita naquele momento chamando atenção para o símbolo que a mesma representa, concluindo assim numa significação daquele símbolo para o aluno.

 Intervenção do professor:
-utilizar o calendário para fazer perguntas, comentários, pedidos e para estimular a observação do tempo, por exemplo, no local e ainda explorar datas comemorativas, aniversário de alguém da turma etc.
-conversar com a criança acerca das atividades organizadas sequencialmente;
-explicar que as atividades se realizam umas a seguir às outras;
-aumentar gradualmente a quantidade de atividades expostas na agenda;
-criar oportunidades, sempre que possível, para que a criança selecione o objeto que deverá representar a atividade;
-utilizara agenda para explicar a razão de determinada atividade não se realizar;
-adicionar informação em relação à atividade (por exemplo: local, com quem...);
-usar a agenda para despertar a curiosidade da criança, introduzindo novos tópicos para simbolizar atividades;
( Fonte: http://diariomaedeumautista.blogspot.com.br/)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

BEZ, M. R. ; PASSERINO, L. M. Applying Alternative and Augmentative Communication to an inclusive group . In: WCCE 2009 - Education and Technology for a Better World Monday, 2009, Bento Gonçalves-RS. WCCE 2009 Proceedings - Education and Technology for a Better World Monday. Germany: IFIP WCCE, 2009. v. 1. p. 164-174. Traduzido. Aplicando a Comunicação Aumentativa e Alternativa numa turma inclusiva
.
DYRBJERG           , Pernille e VEDEL, Maria . A EDUCAÇÃO DO DIA A DIA-Suportes visuais para crianças com autismo, 2007. Traduzido e adaptação de Maria Elisa Granchi Fonseca, 2009.

Transtorno do Espectro Autista – Maria Rosangela Bez. In : Sistema de comunicação alternativa para processos de inclusão em autismo : uma proposta integrada de desenvolvimento em contextos para aplicações móveis e web. Tese (Doutorado em Informática na Educação) – UFRGS – Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação. Porto Alegre, 2014.

Fontes: